Procure
contemplar a natureza com todas as suas belezas criadas e pense no Céu.
Por maiores que sejam as riquezas e as belezas da Terra, não há termo de
comparação com as riquezas e belezas da eternidade.
Pe. David Francisquini (*)
Segundo este catequista e missionário, formador do clero e diretor de
almas, teremos no Céu bens essenciais e acidentais. Os primeiros
consistem na contemplação e no deleite de Deus, além do conhecimento dos
mistérios da natureza e da graça. Desse entendimento resulta um amor,
um contentamento inefável e uma felicidade que durará por todos os
séculos dos séculos.
Os bens acidentais, como glória, paz, júbilo, bem-estar, harmonia,
são atributos com os quais os justos ou santos se apreciam e se amam
como filhos de Deus, como irmãos e como amigos. Tais bens ultrapassam o
entendimento humano, mas constituirão verdadeiras auréolas para as almas
que conseguirem vitórias assinaladas contra o demônio, as vaidades e as
pompas do mundo.
São Paulo testemunhou o seu arrebatamento ao terceiro Céu, onde viu
algo impossível de se exprimir com linguagem humana. Para quem não viu o
Céu, impossível descrever tantas belezas, harmonias e prazeres que Deus
preparou para os que O amam.
O Apóstolo deixou consignado que vista jamais viu, ouvido jamais
ouviu e jamais entrou no coração do homem o que Deus preparou para ele,
pois os bem-aventurados gozarão no Céu conforme os seus merecimentos: “Quem semeia parcamente, parcamente colherá; e quem semeia abundantemente, com abundância colherá”.
Reino magnífico, onde todos se sentem felizes sob a autoridade do
Pai. Lugar sem sofrimento nem tristeza, sem rivalidade nem inveja; todos
estão irmanados numa família triunfante a desfrutar de todos os bens e a
contemplar Deus face a face sem fastio, sem tédio, sem torpor, sem
indolência. Afinal, todos se encontram livres do pecado e das penas
temporais, pois nada de impuro entra no reino dos Céus.
Conta-se que certo monge, ao meditar sobre o Céu, tinha dificuldade
em entender um bem que pudesse saciá-lo sem cansar. Certa feita meditava
ele pelos jardins do mosteiro quando lhe apareceu um lindo pássaro a
cantar. Arrebatado, o religioso o foi seguindo, seguindo, até uma região
desconhecida, mas de indescritível beleza. Era sua intenção apoderar-se
do misterioso passarinho.
Pôde apreciar palácios encantadores, fortificações, muralhas que nem
mesmo todo o ouro da terra teria bastado para edificar. Numa palavra, um
reino de esplendor e majestade. De repente, como que se despertando de
um sonho, o monge golpeia a porta do convento, pois já imaginava um
tanto atrasado para a próxima hora do Ofício Divino.
Qual não foi o seu espanto ao perceber que ninguém o conhecia e
vive-versa, ainda que ele afirmasse ter-se ausentado apenas por um lapso
de tempo… Diante da insistência, o prior resolveu consultar os
registros do convento. E lá encontrou o relato do sumiço de um monge
cerca de cem anos atrás. Ao ouvir o nome e as circunstâncias do
misterioso desaparecimento, o monge se identificou, mas sem se conformar
com tanto tempo passado. Uma antevisão do Céu? A lenda o diz.
Mas, afinal, o que é o Céu? — São Bernardo responde assim: “No
Céu não há nada que nos desagrada e faz sofrer, pois ali existe todo
bem que faz deleitar e cumular a alma de uma felicidade e alegria sem
par”. Já Santo Afonso descreve como sendo um lugar “onde
não existe a sucessão de dias e noites, de calor e frio, mas um dia
perpétuo e sempre sereno, contínua primavera deliciosa e perene. Não há
perseguições nem ciúmes, porque nesse reino de amor, todos se amam com
ternura, e cada um goza da felicidade dos demais como se fosse a sua
própria”.
Se o prezado leitor deseja um dia entrar no Céu, rogue a Deus
conceder-lhe uma vontade resoluta em vencer as tentações do maligno e
observar a santa lei do Criador; frequente os sacramentos, sobretudo a
confissão e a comunhão; tenha uma ardentíssima devoção a Nossa Senhora,
bem como ao anjo-da-guarda, nosso fiel amigo e advogado.
Procure contemplar a natureza com todas as suas belezas criadas e
pense no Céu. Por maiores que sejam as riquezas e as belezas da Terra,
não há termo de comparação com as riquezas e belezas da eternidade.
Fonte: Agência Boa Imprensa
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