Guanajuato - México (Terça-feira, 15-07-2014, Gaudium Press)
No dia 30 de janeiro de 1928 o som do estouro de uma carga de dinamite
ressoou pelos vales e colinas do coração do estado de Guanajuato, no
México. A explosão, ao invés de perfurar a pedra para extrair nas minas
vizinhas os metais preciosos característicos da região, foi feita para
destruir um dos tesouros da Fé do povo mexicano: uma imagem de Cristo
feita em pedra, lavrada pelos habitantes da região, situada na colina do
Cubilete, considerada o centro geográfico do México. Entre as ruínas
ficaram intactos a cabeça e o coração da imagem, e delas renasceria com
os anos um monumento muito maior, símbolo do reinado de Jesus Cristo nos
corações dos mexicanos, que não cessou inclusive debaixo da cruenta
perseguição. Trata-se do Monumento a Cristo Rei de Guanajuato, um dos
principais Santuários do México, carregado de um profundo significado.
O Cristo Rei da colina de Cubilete é uma
imponente imagem de 20 metros de altura e 80 toneladas de peso. A base
da mesma alberga uma capela de Adoração Eucarística e um templo que
constituem o cume da montanha. O simbolismo da imagem e de vários sinais
do Santuário leva uma poderosa mensagem aos milhares de peregrinos que o
visitam de forma constante e que organizam grupos de adoradores para
passar a noite em oração sob sua figura. O Cristo, representado de pé
com os braços abertos, se encontra sobre uma cúpula que representa a
terra e justo a seus pés do anjos lhe oferecem duas coroas: a coroa de
espinhos, instrumento do martírio com o qual redimiu a humanidade, e a
coroa real, símbolo da glória eterna e a autoridade que exerce sobre
tudo o que existe.
Na Basílica de Adoração justo abaixo da
estátua se alberga uma imponente custódia na qual se expõem
frenquentemente o Santíssimo Sacramento, se venera um belo ícone de
Jesus Cristo, Rei do Universo, e seu teto ostenta uma gigantesca coroa
de espinhos que rodeia todo o lugar. Todos os elementos reforçam a
necessidade do crente de adorar humildemente a seu Senhor, que reina com
amor e pagou por seus súditos o mais alto preço, para obter para eles a
salvação que lhes era negada por seus pecados.
Jesus Cristo: Rei perseguido
A colina do Cubilete fazia parte da
fazendo de um advogado no início do século XX, que doou os terrenos à
Igreja com o fim de elaborar o monumento desejado por Dom Valverde y
Téllez. A primeira pedra foi colocada em 1920 e em 1023 se ampliou o
projeto para fazer um monumento maior, o que mereceu uma visita do
Núncio Apostólico daquele então, Dom Ernesto E. Filippi, diante de 50
mil devotos, o que lhe valeu a expulsão do país. Eram anos de um intenso
anticlericalismo estatal e o governante Plutarco Elías Calles
considerou o monumento a Cristo Rei como um desafio à autoridade. Esta
má vontade inspirou o ataque que sofreria a imagem sagrada em 1928.
"Hoje às cinco da tarde foi dinamitada a primeira estátua e monumento de
Cristo Rei na montanha de seu nome. Desde os campos se pode ver a
poeira das bombas que colocaram ao chão o monumento", afirmou uma
reportagem da época segundo um documento conservado no museu do
Santuário.
Anos depois do fim da Guerra Cristera,
na qual numerosos crentes foram fuzilados enquanto gritavam o lema "Viva
Cristo Rei!", pode pensar-se novamente em recuperar o monumento. Em
1938 se consagrou uma capela dedicada a Cristo
Rei na Catedral de León com uma bela estátua de três metros de altura
conhecida como o Cristo Branco. Esta seria a precursora do monumental
Cristo da colina do Cubilete cujo processo de elaboração começou em
1944. A estátua, elaborada em bronze, foi feita por peças e a cabeça,
que pesava três toneladas, viajou em peregrinação por várias regiões do
país antes de chegar a seu destino. O Cristo Rei foi montado em 1950 e
abençoado por Dom Manuel Martín del Campo Padilla no dia 11 de dezembro.
O monumento ganhou grande popularidade
entre os fiéis e é um dos principais Santuários do país. O Monumento a
Cristo Rei foi visitado por Bento XVI em 2012, que o admirou a partir de
um helicóptero e celebrou uma Missa na base da montanha. "Neste momento
se representa a Cristo Rei. Mas as coroas que lhe acompanham, uma de
soberano e outra de espinhos, indicam que sua realeza não é como muitos a
entenderam e a entendem", explicou o Pontífice em sua homilia. "Seu
reinado não consiste no poder de seus exércitos para submeter aos demais
pela força ou violência. Se funda em um poder maior que ganha os
corações: o amor de Deus que ele trouxe ao mundo com seu sacrifício e a
verdade da qual deu testemunho. Este é o seu senhorio, que ninguém
poderá tirar nem deve esquecer".
"Por isso é justo que, acima de tudo,
este santuário seja um lugar de peregrinação, de oração fervorosa, de
conversa, de reconciliação, de busca da verdade e acolhida da graça",
acrescentou o hoje Papa emérito. "A Ele, a Cristo, lhe pedimos que reine
em nossos corações fazendo-os puros, dóceis, esperançados e valentes na
própria humildade". (GPE/EPC)
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