Espécie Chrysomya megacephala é estudada pelo IFSC
As moscas ajudam a entender o funcionamento do cérebro humano, é o que afirma pesquisa do Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Os estudos mostram que os neurônios do sistema visual das moscas da espécie Chrysomya megacephala podem decodificar como acontece o processamento de informações que ocorre no órgão humano.O interesse em estudar moscas deve-se ao fato de que a reação do inseto é extremamente rápida, praticamente imediata. Além disso, analisar como a transmissão se processa em estruturas mais simples pode auxiliar a entender sistemas complexos. “Partimos do pressuposto de que, uma vez compreendido mecanismos mais simples, pela similaridade entre organismos, poderemos decodificar como o processamento de informações ocorre no cérebro humano”, comenta Lírio Onofre de Almeida, especialista em Laboratório do Grupo de Física Computacional e Instrumentação do IFSC.
O tempo de processamento do sistema visual da mosca é de 30 milissegundos. O neurônio desse sistema tem um tempo de recuperação (descanso entre um pulso e outro) de 2 milissegundos. “Poucos pulsos são suficientes para se codificar e processar o estímulo visual apresentado para a mosca. Através de ferramentas matemáticas e computacionais estes dados são analisados”, conta o pesquisador.
O estudo envolve, além de físicos, pós-graduandos do curso de Ciências Físicas e Biomoleculares, engenheiros eletrônicos e físicos computacionais do IFSC. “A precisão para geração dos estímulos e a aquisição de dados dos sinais neurológicos exige equipamentos especiais, não disponíveis no mercado. Métodos computacionais, nesse aspecto, são fundamentais para trazer essa exatidão”, conta Lírio.
Os estudiosos de São Carlos, aos poucos, estão construindo equipamentos para desvendar a comunicação entre neurônios dos insetos. Uma aplicação mais imediata seria fazer um paraplégico andar. O essencial é compreender a codificação e decodificação das informações. “Estaríamos dando um passo muito grande, em termos de eficiência”, conclui Lírio.
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