Desde a sua origem a Igreja católica condenou de modo veemente qualquer tipo de idolatria.
Um das dificuldades do cristianismo durante o Império romano foi
justamente a sua posição contrária às divindades pagãs e ao culto ao
imperador como sendo deus.
O cristianismo foi considerado inimigo de Roma, seus seguidores foram
perseguidos. Por causa da fidelidade ao Deus único, revelado por Jesus
Cristo, muitos cristãos foram condenados à morte. São os mártires.
No século II d.C começa o costume de celebrar cerimoniais religiosas
junto ao túmulo dos mártires, e de modo especial era celebrado o dia do
seu nascimento para a glória (dies natalis). Esse procedimento era para manter vivo o testemunho do martírio sofrido pela fidelidade ao Deus único e verdadeiro.
Uma das provas históricas do culto prestado aos mártires ficou
preservada nas catacumbas de Roma. Eram cemitérios subterrâneos, mas
guardaram um tesouro riquíssimo de pinturas, esculturas e inscrições.
Todo esse patrimônio ajuda-nos a entender os hábitos e costumes dos
primeiros cristãos. As catacumbas são definidas como o “berço do
cristianismo e o arquivo da Igreja das origens”. Nelas não encontramos
somente a descrição histórica das perseguições sofridas pela Igreja.
Nos túmulos dos cristãos e mártires encontram-se inscrições como: “mártires
santos, bons e benditos, ajudai a Ciríaco”; “Santos Mártires,
lembrai-vos de Maria”; “Genciano, fiel em paz… que em tuas orações,
rogues por nós porque sabemos que estás em Cristo”.
No Primeiro Concílio de Nicéia, no ano de 325, o Papa S. Silvestre I
defende o culto das imagens como uma herança recebida desde a origem da
Igreja Cristã. Nas atas deste concílio lê-se: “Nós recebemos o
culto das imagens e ferimos de anátema os que procedem de modo
contrário. Anátema a todo aquele que aplica às santas imagens os textos
da escritura contra os ídolos. Anátema àqueles que ousam dizer que a
Igreja presta culto a ídolos”.
O segundo Concílio de Nicéia (787), convocado para tomar uma posição
quanto ao uso das imagens ou pinturas, assim se pronunciou: “devem
expor-se as veneradas imagens sacras, manufaturadas com tintas, com
mosaicos e com outras matérias idôneas, nas igrejas consagradas a Deus,
nos vasos e paramentos sagrados, nas paredes e nos retábulos, nas casas e
nas ruas; e isso aplica-se tanto à imagem do Nosso Senhor Deus e
Salvador Jesus Cristo e à Nossa Senhora Imaculada, bem como às imagens
dos veneráveis anjos e de todos os homens santos e piedosos”.
Essa posição reflete o pensamento do papa São Gregório Magno, que no
século VII censurou Severo, bispo de Marselha, que ordenara a destruição
das imagens nas igrejas:
“Uma coisa é
adorar uma pintura, outra é aprender por uma cena representada o que se
deve adorar. Pois o que o escrito oferece às pessoas que leem, a
pintura o fornece aos analfabetos que a olham, já que estes ignorantes
veem o que eles devem imitar; as pinturas são a leitura daqueles que não
conhecem as letras, de forma que desempenham o papel de uma leitura,
principalmente entre os pagãos”.
O Concílio de Trento (1545-1563) declarou sobre as imagens: “As
imagens de Jesus Cristo, da Mãe de Deus e dos outros santos podem ser
adquiridas e conservadas, sobretudo nas Igrejas, e se lhes pode prestar
honra e veneração; não porque há nelas qualquer virtudes ou qualquer
coisa de divino, ou para delas alcançar qualquer auxílio, ou porque se
tenha nelas confiança, como os pagãos de outrora, que colocavam a sua
esperança nos ídolos, mas, sim, porque o culto que lhes é prestado
dirige-se ao original que representam, de modo que nas imagens que
possuímos, diante das quais nos descobrimos ou inclinamos a cabeça, nós
adoramos Cristo e veneramos os santos que elas representam” (Sess. XXV).
O Catecismo da Igreja católica ensina: “O culto cristão de imagens
não é contrário ao primeiro mandamento que proíbe os ídolos. De fato, a
honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original, e quem venera
uma imagem venera nela a pessoa que nela está pintada. A honra prestada
às santas imagens é uma veneração respeitosa, e não uma adoração, que só
compete a Deus” (CIC, n. 2132).
Fonte: Católico pode ou não pode? Por quê? – Pe. Alberto Gambarini
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