Há três metas de procedimento que se pode praticar no trato com nosso próximo:
1)
Procurar nunca aborrecer ninguém: não dar motivo de desgosto; não fazer
aquilo que se sabe ser do seu desagrado; não colocá-lo em
circunstâncias que ele tenha que fazer esforços para manter a calma
interior.
2)
Procurar desfazer os aborrecimentos dos demais: quando vir que alguém
está impaciente, transmitir-lhe um pouco de sua paciência; quando alguém
necessitar ser acalmado, manifestar-lhe razões de confiança e de
serenidade; quando alguém se exceder nas apreciações, expressões ou
atitudes, contribuir com seu senso de justa medida e proporção.
3)
Procurar sempre manifestar a sensibilidade para o lado alma, com a
convicção de que o aspecto espiritual é o essencial da vida e que esta
deve estar ancorada nas três virtudes teologais: Fé, Esperança e
Caridade (ou seja, no amor de Deus).
“Bem-aventurados os mansos, porque
possuirão a terra” (Mt 5,4) “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de
mim, que sou manso e humildade de coração, e achareis descanso para
vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu peso, leve” (Mt
11,28-30).
Nesta passagem Nosso Senhor indica a tranquilidade de alma como sendo
a maior recompensa, aqui na terra, para aqueles que seguem seus
mandamentos e procuram ser úteis às demais pessoas. A propósito afirma
que seu jugo é suave e é leve o cumprimento das obrigações por Ele
impostas. De fato, que fardo nos impõe quando nos manda evitar todo
desejo que nos possa perturbar? Que coisa mais leve que o abster-se de
maldade, querer o bem, não querer o mal, amar a todos por amor de Deus,
não aborrecer a ninguém, não querer para os outros aquilo que não
queremos para nós mesmos, não nos engolfar nas ocupações diárias, mas em
tudo procurar tirar proveito para a vida eterna?
Fonte: Catena Áurea, São Mateus, Capítulo XI, v. 28-30
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