Serve a todos a página seguinte, embora escrita expressamente para a consolação de um só.
Todos aqueles que amavam e a quem a
morte arrebatou o objeto do seu amor, todos carecem das mesmas palavras
que levantam o espírito e que o tranquilizam.
.
Não
podeis habituar-vos à ideia de não achar mais em parte alguma, sobre a
terra, o ente a quem parecia ligada vossa vida. É dolorosa, muito
dolorosa a separação que vos feriu, mas lembrai-vos de que nossos laços
só se quebram na aparência… Deus, que os formou na terra, transporta
aos Céus aqueles a quem prezamos, para nos forçar a erguer os olhos até
sua mansão eterna.
A vista do cristão fixa o outro mundo, mas o olhar do coração
encontra um vácuo desolador. Vós, principalmente, que podeis esperar a
salvação de vossa irmã, não lastimeis sua sorte que é a convivência com
os anjos, a vida piedosa, a morte edificante que teve, fazem crer que
sua alma está gozando de uma felicidade que vós não podeis prometer-lhe
nem dar-lhe. Dizei antes, pensando em sua ausência: Nós nos tornaremos a
ver bem cedo, e então nada mais nos há de separar!
Penetremos nos intuitos divinos: Deus nos fere quando quer e no
ponto mais sensível. É só a fé que nos dá forças para estes sacrifícios
naturalmente impossíveis. Um cristão não pode afligir-se como quem não
tem a esperança! Falai pouco aos homens e muito a Deus sobre a vossa
tristeza. Eis o segredo da resignação.
Não esqueçais de que devemos: sempre amar a Deus que é bom, até
mesmo quando nos envia a tribulação. Estranhareis acaso que ele tenha
recompensada aquela que lhe fez tão generoso sacrifício de sua mocidade,
de sua beleza, de sua fortuna e de sua vida?
Lembrai-vos do momento solene em que o sacerdote; sem abaixar a
voz, disse-lhe: «Sai, alma cristã, sai deste mundo!» Como respondeu ela
com um sorriso angélico: «Sim, meu Deus, já, se o quiserdes!»
Ela estava, portanto, preparada para esta viagem eterna!
Ela morreu como morrem os santos. Voou para o lugar de felicidade
em que a esperava, para coroá-la, o Deus a quem tanto amou. Olhai para o
Céu, e esse olhar fortalecerá o vosso coração dilacerado. Aproximai-vos
do sagrado Tabernáculo. Que coisa melhor poderia fazer um coração
aflito que, a todo momento se apega às criaturas! Sofrei junto de Jesus
Cristo: sofrereis amando.
O amor suaviza tudo e nos consola de sobrevivermos àqueles que queríamos mais do que a nós mesmos.
Fonte: Blog Almas Devotas – Trecho extraído do livro – Mês das
Almas do Purgatório – Mons José Basílio Pereira – 10a. Edição – 1943 –
Editora Mensageiro da Fé Ltda. – Salvador – Bahia
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