A doutrina católica ensina há dois mil anos que christianus alter Christus.
Com efeito, ao nos encontrarmos na amizade com Deus, isto é, em estado
de graça, temos uma vida nova, toda divina, vida sobrenatural com todas
as riquezas das virtudes e dons que nos elevam e nos fazem participar da
vida própria e natural em Deus.
Vida participativa, portanto: divinae consortes naturae,
ou seja, consorte, uma união que se nos dá pela graça com a natureza
divina. Portanto, o próprio Deus habita em nós, tornando-nos templo do
Espírito Santo, morada da Santíssima Trindade, no dizer de São Paulo.
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Vivendo e cooperando com a graça e as virtudes infusas haverá um
desenvolvimento e uma união da criatura com o Criador que poderá atingir
alto grau de perfeição, preparando-nos para a vida eterna. As
tribulações, os sofrimentos da vida presente não se comparam com a vida
vindoura.
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O Divino Mestre ressalta com ênfase essa luta quando diz que o
reino dos céus padece violência e os que se violentam ou se esforçam são
os que o arrebatam. Já o profeta Davi afirma que o inocente de mãos e
limpos de coração, que não tomou em vão sua alma nem jurou por engano a
seu próximo, alcançará de Deus a bênção e a misericórdia.
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“Vossa tristeza se converterá em alegria”, consola-nos Nosso Senhor
(João 16, 20). “Bem aventurado os que sofrem perseguição por amor à
justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem aventurado sois vós quando
vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, falarem todo mal contra vós,
por minha causa. Alegrai-vos, e exultai-vos, porque, a vossa recompensa
será grande nos céus”. (Mt. V, 11-12).
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Ao perseverar nas trilhas dos mandamentos, na freqüência constante
aos sacramentos, nos trabalhos, nas angústias, nos temores e nas
perseguições, o fiel pela sua paciência, perseverança e constante
heroísmo desembocará num reino indescritível de gozo e de alegria dos
bem-aventurados no reino dos Céus.
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Mas, afinal, o que é o Céu? Qual é a vida dos bem-aventurados?
Pouco
ou quase nada se prega ou se escreve a respeito. Afinal, o Céu é nossa
pátria. Não é o firmamento pontilhado de milhões de estrelas, mas um
lugar onde “os justos entrarão para a vida eterna”.
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Lugar de alegrias sem par, onde os bem-aventurados contemplarão
eternamente a Deus e O amarão ao prestar-Lhe todas as homenagens pelo
fato de ser Ele quem é. Lugar onde eles estarão livres de todo o mal,
triunfando sobre o pecado, o mundo, o demônio e a carne corrompida pelo
pecado original.
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Santo Agostinho se propondo a escrever a respeito do Céu quis se
aconselhar com São Jerônimo sobre a conveniência ou não da obra. São
Jerônimo – que acabara de falecer – apareceu-lhe milagrosamente
desaconselhando-o da empreitada, por se tratar de tarefa quase
impossível.
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Olhe que São Jerônimo falava com conhecimento de causa, pois já habitava no reino dos Céus!
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O próprio Nosso Senhor na sua vida terrena disse pouco a esse
respeito, o suficiente para fazermos uma idéia do reino dos céus. Por
exemplo, quando nos ensinou que no reino de seu Pai há muitas moradas e
se sentarão com Ele à mesa e participarão de um banquete que o Pai
preparou para aqueles que O amam.
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O livro dos Salmos afirma que a glória dos céus é um bem
infinitamente desejável. Rogando a Deus, em sua qualidade de pai
devotado aos filhos, que alimente em nós este santo desejo, prometo
continuar o tema num próximo artigo.
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