O Senhor, depois de ter rezado ao Pai, constituiu Doze apóstolos para enviá-los a pregar o Reino de Deus.[1]
O número dos Doze recorda as doze tribos de Israel; de um lado expressa
a edificação do novo Israel, nascido do “resto” do antigo, mas por
outro lado, é intenção de Nosso Senhor romper com a casta sacerdotal
limitada a uma tribo.
O próprio ato de eleição comporta já uma
participação dos apóstolos à consagração e missão de Jesus, porque os
escolhe para enviá-los a pregar, portanto, fá-los partícipes da Sua
consagração e da Sua missão, realizando-se isto em diversos momentos e
coincidindo com a instituição do sacramento da ordem, observável em
diversas ocasiões nas quais recebem de Jesus a chamada, a potestade e a
missão, completada no Pentecostes.
O magistério une a instituição da ordem à
Eucaristia. João Paulo II, por exemplo, reafirmou a doutrina tridentina
da união da ordem com a Eucaristia. Depois da Ressurreição, o Senhor
faz dos apóstolos os continuadores da Sua missão e lhes dá o poder de
perdoar os pecados.[2]
Essa missão dos apóstolos deriva da consagração recebida. Não é
própria, em duplo sentido: é uma iniciativa de Outro e a sua capacidade
para desenvolvê-la é participada.
Nessa missão os apóstolos foram
confirmados no dia de Pentecostes. Ao descer o Espírito Santo,
realizou-se o cumprimento da promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo e se
completa a instituição da ordem sagrada enquanto dá aos apóstolos a
graça necessária para cumprir a Sua missão exercitando a potestas sacra. Os
apóstolos receberam, deste modo, a qualificação que permanecerá nos
detentores do sacerdócio ministerial: uma capacidade ontológica e um
“impulso interior” — o dom de Pentecostes contém também aquilo que
posteriormente se chamará “graça sacramental específica” da ordem.[3] Se a missio Ecclesiae é sempre reconduzível à missão invisível do Filho e do Espírito Santo, a missio apostólica deverá ter a sua origem não só em Cristo, como também no Espírito Santo.
O grupo dos Doze reunido no Cenáculo,
como gérmen da Igreja, tinha já sido enviado pelo Senhor aos filhos de
Israel, e depois a todas as gentes, a fim de que, participando da sua
potestade, os convertessem em discípulos, os santificassem e os
governassem, porém, foram confirmados nessa missão no Pentecostes. Foram
impulsionados à missão e a predicar audazmente o Evangelho. Esse dom do
Espírito Santo, o mesmo Espírito de Cristo, desceu sobre eles para que O
comuniquem a todos os homens.
A posição dos Doze, ademais de serem
embaixadores e ministros de Cristo, situa-os também à cabeça da
comunidade cristã. Eles estão conscientes de estar investidos de
autoridade, executando-a inclusive com veemência.[4]
Escolhidos juntos, a sua união fraterna estará a serviço da comunidade.
Sua autoridade não é de domínio, mas exercitada “para edificar e não
para destruir”.[5]
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