Introdução
Para
iniciarmos este artigo é preciso desde já esclarecer o que queremos
dizer por aristocracia, para daí entendermos porque a mãe representa
este papel dentro do lar.
A palavra aristocracia é formada por duas palavras gregas: áristos, que quer dizer ‘melhor’; e krátos, que significa ‘poder, governo’. Portanto, o significado etimológico de aristocracia pode ser dado como ‘governo dos melhores’.
Este sentido básico inspira muitos outros, e, a
partir dele, podemos formar conceitos interessantes para explicar a vida
de família.
Na filosofia, a ideia de aristocracia, segundo o
Cardeal Angel Herrera Oria, “leva entranhada em si a ideia de perfeição,
a ideia de virtude”. Assim, o aristocrata seria alguém que possuiria
“hábitos virtuosos” e que almejaria a “perfeição moral e o amor ao
povo”(1).
A família
De acordo com a doutrina tradicional da Igreja, a
autoridade da família católica corresponde ao esposo, a quem se submetem
a esposa, os filhos e os empregados da casa. A
família seria, portanto, um pequeno reino em que o pai representa a
figura do rei… e como se sabe, o rei deve governar com firmeza, para que
sua autoridade se faça valer – do mesmo modo o pai, do contrário, nem a mãe nem muito menos os filhos se habituariam em obeceder-lhe.
Claro está que firmeza não é sinônimo de tirania, e,
deste modo, o pai não precisa ser somente como que um policial do lar,
que aparece para corrigir as infrações às leis domésticas: o pai precisa
ser firme, mostrando que os limites dados por ele serão cumpridos, mas,
geralmente, deve fazer com que isto fique evidente sem a necessidade de
criar uma tensão excessiva no lar, gerando um constante temor tanto na
mulher quanto nos filhos. Nos momentos necessários, obviamente, o pai
pode se valer de sua autoridade para corrigir os filhos rebeldes, com um
tratamento mais enérgico do que o de costume.
Enfim, pelo descrito acima, percebe-se que o pai é um
misto de rei, juiz, policial, tendo também o seu lado afetuoso e
dedicado, que a palavra “paternal” exprime bem. Mas, carregando a
autoridade, o tipo de influência e exemplo que dá aos filhos é diverso
do que é dado pela mãe, figura mais afável e delicada aos olhos da
prole.
A Mãe Aristocrática: mediadora e conselheira
Quem
de nós nunca aprontou uma “bagunça” daquelas e acabou ficando mau visto
aos olhos do pai, que – de tão bravo – decidiu dar-nos um castigo
severo para aprendermos que não podíamos nos portar de tal modo? Quem de
nós nunca pensou em apelar para a mãe, para que ela – com toda sua
doçura e “jeito” de falar – convencesse o pai de que a lição já havia
sido muito bem aprendida e por isso deveria cessar o castigo? Pois bem,
este é um dos papéis aristocráticos de nossas mães.
Esta
intermediação que a mãe faz entre o pai e os filhos é uma qualidade
aristocrática, visto que ela vai, a partir de conselhos, conciliando a
autoridade do pai com a psicologia dos filhos, de modo que a harmonia
familiar vai se formando.
A mãe sente até que ponto os filhos estão recebendo
os “mandos” do pai, para que o jugo não seja por demais pesado e o que
poderia ser uma correção acabe se transformando num problema maior. De
igual modo ela sente quando o marido está insatisfeito com a postura dos
filhos e vai procurando melhorá-los em alguns pontos, de modo que o pai
não se desgoste da vida familiar.
Por exemplo, os filhos podem ser pouco estudiosos, e
então o pai começa a se indispor por sempre receber notas baixas da
escola; a mãe, percebendo tal situação, deve esforçar-se para que os
filhos tomem gosto pelo estudo e, com o passar do tempo, possam entregar
boletins com notas melhores. Assim, o pai vê seu desejo atendido sem a
necessidade de se criar um novo problema de família que poderia demandar
longas conversas ou a aplicação de castigos por vezes desnecessários.
Do sentido etimológico, dado no início do texto,
podemos dizer que em certo sentido a mãe participa do “governo dos
melhores”, pois, apenas pelo conselho e influência pessoal consegue com
que o lar alcance a ordem necessária para o bom convívio de todos. No
sentido filosófico, poderíamos dizer que a mãe concorre para a
“perfeição” do lar, para a prática das virtudes; do mesmo modo, ela
almeja a “perfeição moral” no seu lar e tem profundo “amor ao [seu]
povo” (marido e filhos).
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