Igreja

Rádio GOTHMLP

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

À espera de um pedido

Ir. Ana Rafaela Maragno, EP
Apesar de tão numerosos favores concedidos pela Providência, Adão, enganado pela astuta serpente pecou acarretando para si a perda de todos os privilégios sobrenaturais com os quais Deus o havia cumulado. Expulso de seu reino e arrancada de sua fronte a coroa dos dons preternaturais, passou a viver na contingência de sua natureza formada do barro. Ecoava-lhe ainda aos ouvidos a sentença divina:
[...] maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto até que voltes à terra da qual foste tirado; porque és pó, e ao pó te hás de tornar (Gn 3, 17-19).

Iniciou-se uma nova fase para Adão, caracterizada pela experiência das suas debilidades e fraquezas, consequência do seu pecado. E, agora, se encontravam irremediavelmente fechadas para ele as portas daquele jardim de delícias do qual fora expulso. Será que o relacionamento com seu Criador estava cortado para todo o sempre? Não haveria um meio de encontrar-se com Ele e de falar-lhe?
Esse grande meio Deus lho proporcionou através da oração. “Ela é o diálogo do homem com Deus” 1 . Por meio dela Adão e os seus filhos supririam em si aquelas saudades imensas do paraíso, diminuiriam a distância entre Criador e criatura, proporcionando a possibilidade de se aproximar, de falar e de conviver com Deus e conquistariam o Céu que lhes fora prometido.

A oração tem o poder de abrir os tesouros de Deus e atrair sobre o orante as chuvas das bênçãos divinas. Tanto agrada a Deus a prece sincera e confiante que, por vezes, Ele tarda em atender, a fim de que a alma, crescendo no desejo, redobre a insistência de seus pedidos e seja coroada de méritos.

Tendo o Filho de Deus vindo ao mundo, ensinou ao homem a importância da oração e incutiu-lhe a confiança nela, quer por meio de parábolas, quer, sobretudo, através de seu Divino exemplo, desdobrando-se em solicitude, desvelo e amor sobre todos aqueles que d’Ele requereram algum favor. Não houve ninguém que saísse de sua presença com as mãos vazias…

Esse mesmo Jesus que a todos atendeu com solicitude, não partiu para o Céu de maneira definitiva e irremediável, mas quis permanecer na Terra, convivendo entre os homens. “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo!” (Mt 28, 20).

Ele encontra-se em todos os sacrários do mundo, sob o véu das espécies eucarísticas, à espera de nossa visita, pronto para ouvir nossas súplicas. Feito Homem como nós e tendo experimentado a nossa fraqueza, conhece tudo aquilo de que carecemos e sabe compadecer-se de nossas misérias.

Como outrora pelas estradas da Galiléia ou sob os pórticos do Templo de Jerusalém, Jesus detém-se ante o triste espetáculo da lepra espiritual que corrói as almas ou da cegueira que as mantêm longe de seu amor. Contudo, seu olhar misericordioso abrange a todos num infinito desejo de perdoar, inclinando-se sobre cada um de seus filhos, com ternura de pai e benquerença de irmão, para cumulá-los de dons e atendê-los em seus anseios. Está apenas à espera de um pedido, de uma súplica, de um simples suspiro a Ele dirigido, para cumprir sua irrevogável promessa: “Qualquer coisa que me pedirdes em Meu nome, vo-lo farei” (Jo 14, 14).

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