Há duas espécies de pecados: pecado original e pecado atual.
Chama-se original, de origem, princípio; e é o pecado que a humanidade cometeu em Adão, sua cabeça, e que todo homem contrai por descendência natural, e que, por isso, também nós temos desde o princípio da nossa vida; temo-lo como herança do nosso primeiro pai Adão, pois é por culpa sua que nascemos com este pecado.
Deus, criando o primeiro homem, não lhe deu só o corpo e a alma com as faculdades naturais; mas conferiu-lhe a graça, que é como uma nobreza sobrenatural, com muitos outros dons, que Adão deveria transmitir a seus filhos.
Rebelando-se contra Deus, perdeu para si a graça e já não pode por isso transmiti-la também a seus filhos. Vindo ao mundo privados da graça, que por disposição divina deveríamos ter, não possuímos já aquela nobreza que nos havia de tornar caros a Deus e dar-nos o direito ao paraíso. Esta privação constituiu como que uma mancha; é uma falta de beleza sobrenatural. E a esta falta ou privação da graça é que nós damos o nome de pecado original.
Por isto compreendeis que o pecado original, posto que nos separe de Deus, não nos condena todavia ao inferno; priva-nos da graça de Deus e, portanto, do direito ao Paraíso, que se merece com a graça. Privados desta, privados estamos também de todos os dons e de todos os direitos que lhe eram inerentes, como já tivemos ocasião de dizer.
Entre os filhos de Adão foi alguém preservado do pecado original?
Entre os filhos de Adão foi preservada do pecado original só Maria Santíssima; a qual, por ter sido escolhida para Mãe de Deus, foi “cheia de graça” (São Lucas, 1,28) e portanto sem pecado desde o primeiro instante; por isso a Igreja celebra a sua Imaculada Conceição.
Explicação 1 - Ensina-nos o catecismo que entre os filhos de Adão só Maria Santíssima foi preservada do pecado original. Por ser escolhida para Mãe de Deus, foi “cheia de graça” e, portanto, sem pecado desde o primeiro instante da sua existência, e, por isso, a Igreja celebra a sua Conceição Imaculada.
O privilégio de ser imaculada foi concedido a Maria Santíssima em atenção e em virtude dos merecimentos de Cristo. Esses merecimentos, no nosso batismo, apagaram o pecado original e conferiram-nos a graça de que estávamos privados por culpa de Adão e na conceição de Maria livraram-na a Ela de contrair esse mesmo pecado original, de sorte que no mesmo instante em que a alma de Maria foi criada e unida ao seu corpo então formado, foi também ornada da graça santificante.
Essa graça Santificante que Ela não podia herdar de Adão, como também nós não podemos, foi conferida a Maria pelos merecimentos de Jesus Cristo. Por isso também Maria foi remida por Jesus Cristo, mas de um modo mais perfeito do que nós; pois nós somos purificados do pecado original no instante em que recebemos o Batismo; Maria, ao contrário, recebeu a graça no instante em que foi concebida, e recebeu-a pelos merecimentos de Jesus Cristo. Nós fomos remidos no momento em que o pecado original foi apagado em nós pelo Batismo; Maria, ao contrário, foi remida enquanto que foi preservada de nele incorrer.
Explicação 2 - Como indica o catecismo, convinha esta graça singular a Maria Santíssima por ela haver sido escolhida por Deus para ser Mãe de Jesus, co-redentora com Ele do gênero humano, cooperadora na salvação do homem. Teria sido honroso para Jesus permitir que Aquela que devia ser sua mãe tivesse sido privada, mesmo por um só instante, da graça santificante, carecida de ser santificada, e portanto se tivesse encontrado naquele estado que significava vitória e triunfo para o demônio? Podiam permitir isto o Eterno Pai, que a tinha predestinado para ser sua filha predileta, e o Espírito Santo, que a tinha escolhido de antemão para sua Esposa?
As mulheres do Antigo Testamento foram prefigura de Maria e da sua obra. Entre elas sobressaem Jael (que com um prego crava no chão a cabeça de Sísara, general dos inimigos), Judite (que corta, a cabeça de Holofernes) e Ester (que salva também o seu povo, triunfando das insídias de Amán). Ora, como poderiam nas suas decisivas vitórias figurar Maria, se esta não tivesse, pela sua Conceição Imaculada, triunfado de modo perfeito sobre o demônio, capital inimigo do homem?
Explicação 3 - As palavras com que o Arcanjo Gabriel, em nome de Deus, saudou Maria Virgem, manifestam-na como Imaculada. Disse-lhe ele: Eu te saúdo, cheia de graça. Cheia de graça: portanto cumulada de todas as graças de que podia ser adornada, de que era capaz. Ora, a primeira e mais importante era exatamente a de ser Imaculada na Conceição, isto é, preservada imune do pecado original. Cheia de graça: portanto nenhuma limitação na graça. E por que, quando o Anjo a saúda cheia de graça, haveríamos nós de lhe limitar a graça e dizê-la privada da graça mais bela?
Por isso a Igreja festeja solenemente a Imaculada Conceição de Maria. É a festa de oito de dezembro, celebrada solenemente em toda a cristandade.
Fonte: Novo Manual do Catequista – Mons. Giuseppe Perardi
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