Dom Fernando
Os verdadeiros parentes de Jesus
Texto bíblico: “...” Mc 3, 31-35
O amor e respeito de Jesus para com sua mãe e parentes são inquestionáveis. Maria e seus irmãos desejam vê-lo. A multidão que o rodeava era grande e eles não conseguem chegar até ele. Porém, a presença deles é notada pelos discípulos, que o avisam. No entanto, sem desprezar seus parentes, Jesus não deixa de aproveitar a ocasião para conduzir seus ouvintes ao essencial, ao seu relacionamento com o Pai celestial. Ele jamais perde a oportunidade de conduzi-los à compreensão do reino de Deus.
Por isso, elevando a voz, ele se dirige a todos para se referir à filiação com Deus. Filiação espiritual, que é pertença à família de Deus, à qual se faz parte pela fé. No milagre das bodas de Caná, já se pode contemplar a atitude confiante de Maria, que, se situando na ordem da fé, diz aos serventes: “Façam tudo o que Ele mandar”. S. Agostinho, meditando sobre a Virgem Maria, exclama: “A nobreza do nascido se manifestou, na virgindade da mãe, e a nobreza da mãe na divindade do nascido”.
Sem dúvida, a grandeza de Maria repousa sobre o fato de ela ser a Mãe do Filho de Deus. Mas, muito mais, sobre o fato de ela ser mulher de fé. Ela é toda acolhida da Palavra de Deus, que, por obra do Espírito Santo, nela se encarnou. Eis a sua glória! Também nós, na medida em que acolhemos a Palavra de Deus e ela se efetiva em nós, tornamo-nos membros da família espiritual, da qual Maria é a mãe. Jesus tem uma intenção precisa. Diz ele: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” “Ele os interroga, escreve Teodoro de Mopsuéstia, não para afastar a mãe e os irmãos, mas para reafirmar que prefere a afinidade espiritual a todo parentesco corpóreo”.
As palavras do Mestre se dirigem a todos os discípulos. Ele os convoca a fazerem parte da Aliança, a serem membros de uma nova família, família dos “santos”, aqui na terra e no céu. Referindo-se à Mãe de Jesus, diz s. Agostinho: “Santa Maria fez a vontade do Pai e a fez inteiramente; por isso vale mais para Maria ter sido discípula de Jesus do que sua Mãe. Feliz era Maria, porque antes de gerá-lo, já o trazia em seu coração”. Eis a função de Maria no interior da missão de seu Filho Jesus: ser modelo de fé para todos os que seguem seu divino Filho!
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