Igreja

Rádio GOTHMLP

quarta-feira, 13 de março de 2013

A Indulgência Plenária na Via Sacra

Na Quaresma a Via Sacra, do latim “Via Crucis”, é um exercício espiritual muito recomendado pelos Papas, pois proporciona uma meditação e aproximação à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, além de ser uma devoção rica, dotada de indulgência Plenária. Para entendermos o que vem a ser a prática desta grandiosa devoção, entendamos antes quais frutos trazem à alma do cristão as Indulgências Plenárias.
Segundo dispõe “O Manual das Indulgências”, edições Paulinas, 1990, “ indulgência é a remissão, diante de Deus da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos”.
Portanto, conforme a definição, uma vez perdoados os pecados pelo o Sacramento da Confissão, perante Deus nos eximimos da culpa, mas não da pena temporal. Um exemplo: se tenho a infelicidade de cometer um pecado grave, mas arrependo-me e confesso-o a um sacerdote, o pecado é absolvido, ou seja, a culpa, porém a pena permanece. Como me livrarei de tal pena para que possa, ao morrer, alcançar diretamente a plenitude do Céu?
Entra aqui a riqueza da indulgência que poderá ser parcial ou plena, conforme liberta em parte ou no todo, da pena temporal devida pelos pecados.
Qualquer fiel batizado que atenda às condições previstas, ao praticar o exercício da Via Sacra com piedade e devoção, pode lucrar Indulgências Plenárias para si ou como sufrágio para as almas do purgatório.
A Via Sacra teve seu auge na época das Cruzadas, do século XI ao século XIII. Consiste em acompanhar espiritualmente, meditando, o trajeto feito por Jesus carregando a Cruz, que vai do Pretório até o Calvário. O exercício deve ser feito diante de cada estação (cruz com ou sem quadro) ereta canonicamente, como são, por exemplo, as das Igrejas. O número de estações foi definido chegando à forma atual no século XIV. São elas:
1ª Estação: Jesus é condenado à morte; 2ª Estação: Jesus carrega a Cruz às costas; 3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez; 4ª Estação: Jesus encontra sua Mãe; 5ª Estação: Simão Cirineu ajuda Jesus; 6ª Estação: A Verônica enxuga o rosto de Jesus; 7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez; 8ª Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém; 9ª Estação: Jesus cai pela terceira vez; 10ª Estação: Jesus é despojado de suas vestes; 11ª Estação: Jesus é pregado na Cruz; 12ª Estação: Jesus morre na Cruz; 13ª Estação: Jesus é descido da Cruz; 14ª Estação: Jesus é sepultado;
Em cada estação medita-se a respeito das dores e humilhações que Jesus foi submetido e reza-se também um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai. Não é permitido interrupções no percurso, mas pode-se assistir uma Missa, comungar e confessar em meio ao piedoso exercício. As Indulgências Plenárias estão ligadas à Cruz posta sobre as imagens que deverão ser canonicamente erigidas.
Concede-se Indulgência sob as seguintes condições: Quatorze cruzes, se possível bentas, postas em série. O cristão deve peregrinar diante destas cruzes meditando a Paixão de Nosso Senhor, ou não sendo possível, pode utilizar algum livro de meditação. Quando a Via Sacra se fizer em uma Igreja com grande número de fiéis, poderá apenas o dirigente do sagrado exercício se locomover de estação a estação, e os outros presentes apenas se viram em direção a imagem ou cruz.
Por fim, além de ter realizado o percurso, são necessárias a repulsa de qualquer afeto ao pecado, mesmo venial, Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e oração pelas intenções do Sumo Pontífice, usualmente um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai. Requer ainda que as orações e a comunhão sejam realizadas no dia da Via Sacra, mas a confissão pode ser alguns dias antes ou depois.
Neste contexto pensemos e meditemos nesta trajetória de dor que ao longo de sua vida procura santificar-se aceitando os inúmeros sofrimentos … “Quem, à semelhança de Nosso Senhor, abraça com amor e resignação as cruzes que lhe advêm, adquire têmpera moral, corrige-se de seus defeitos e chega à Glória Eterna”.

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