vida, doçura e esperança nossa, salve!
A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
“A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”
A
incomparável bondade de Deus presenteou o mundo e os homens que nele
habitam com uma quantidade enorme de belos e encantadores vales.
Esses
acidentes geográficos podem variar enormemente de extensão, comportando
apenas alguns quilômetros, como também milhares de quilômetros
quadrados de área. Geralmente se constituem em uma área de baixa
altitude, na qual corre um rio, cercado de montanhas. Podem ser vales
desertos e quase sem vegetação, como o Grand Canyon, localizado nos Estados
Unidos
e descoberto por espanhóis no século XVI. Este vale, imenso, chega a
ter profundidades de 1.600 metros! Podem ser também imensos vales
verdejantes, cercados por montanhas cobertas por neve, ou por abundantes
florestas verdes, nas quais, com elegância, pode um imponente castelo ocupar lugar de destaque na paisagem, como por exemplo o Castelo de Neuschwanstein, que por sua graça e beleza é o edifício mais fotografado na Alemanha.
Na França existe um vale muitíssimo famoso, o Vale do Loire,
também conhecido como Jardim da França. Toda a paisagem do rio Loire é
coberta por castelos magníficos, que demonstram como a genialidade
humana, quando corresponde aos estímulos do Evangelho, pode emoldurar
ainda mais a já privilegiada natureza da região. A esses castelos
acorrem visitantes do mundo inteiro, em todas as épocas do ano, para
contemplar a sua grandiosidade e beleza únicas. Seus castelos mais
famosos são os de Chambord e Chenonceau, além de outras dezenas, igualmente visitados e referenciados.
Neste
nosso Brasil, abençoado por Deus com uma natureza rica e variada, temos
também os nossos verdes e exuberantes vales, cujos rios caudalosos
fazem os rios da Europa parecerem pequenos riachos. São também de uma
beleza extraordinária e proporcionam àqueles que os visitam uma sensação
de bem estar, como que uma antessala do que seria o Paraíso terrestre,
do qual, em consequência do pecado, foram expulsos nossos primeiros
pais.
Em
outras palavras, a admiração a esses vales nos remete à grandeza de
Deus e nos fazem imaginar como será o Céu, que Ele tem preparado para
nós desde toda a eternidade. Enfim, seja para um descanso de férias,
seja numa viagem a trabalho, quantos de nós não gostariam de visitar,
conhecer e – quem sabe! até morar em um desses vales. De fato, não seria
pequena a satisfação de constantemente contemplar a natureza intocada,
ou a natureza redesenhada pelo homem, cuja contemplação nos remete a
nosso fim último.
No
entanto, ainda como consequência do pecado de nossos primeiros pais,
nós somos constrangidos a morar e a conviver uns com os outros em outro
vale: O vale de lágrimas. Com efeito, a oração da Salve Rainha,
nos convida a recorrermos a Nossa Senhora, “suspirando, gemendo e
chorando neste vale de lágrimas”. Esta frase nos indica que não podemos
ter felicidade plena, completa, nesta terra. Sempre estaremos cercados
de problemas, ou doenças, ou provações, algum tipo de infelicidades, as
quais nos fazem suspirar, gemer e chorar. E esse nosso lamento só pode
ser aliviado com a presença de Deus em nossas vidas. Por que Deus
permite que isso seja assim? Comenta o Monsenhor João Clá, EP, fundador dos Arautos:
“Assim
como o carvão, para se transformar em diamante, precisa ser submetido
às altíssimas temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da
Terra, nossas almas necessitam do sofrimento, neste vale de lágrimas,
para merecermos a glória celeste. E para bem suportarmos os padecimentos
que nos esperam, façamos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem
Maria, o pedido contido no salmo: ‘Sobre nós venha, Senhor, vossa graça,
pois em Vós esperamos’ (Sl 32, 22)”(1).
Portanto,
sempre que tivermos sofrimentos a enfrentar – e sempre os teremos,
somos convidados a recorrer a Nossa Senhora, que poderá nos amparar com
as suas graças. Nesse sentido, ensina-nos Santo Afonso de Ligório:
“Que
o recorrer, pois, à intercessão de Maria Santíssima seja coisa
utilíssima e santa, só podem duvidar os que são faltos de fé. O que,
porém, temos em vista provar é que esta intercessão é também necessária à
nossa salvação. Necessária, sim, não absoluta, mas moralmente falando,
como deve ser. A origem desta necessidade está na própria vontade de
Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos
dispensa.”(2)
Exatamente no mesmo sentido, complementa S. Luís Maria Grignion de Montfort:
“Deus
Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, seus dons inefáveis,
escolhendo-a para dispensadora de tudo que ele possui. Deste modo ela
distribui seus dons e suas graças a quem quer, e dom nenhum é concedido
aos homens, que não passe por suas mãos virginais. Tal é a vontade de
Deus, que tudo tenhamos por Maria e assim será enriquecida, elevada e
honrada pelo Altíssimo, aquela que, em toda a vida, quis ser pobre,
humilde e escondida até ao nada”(3)
Temos
em nossas vidas momentos de calmaria, mas temos também momentos de
tempestade. O mais importante é estarmos sempre agarrados à mão de nossa
Protetora, Aquela que nos ajuda a atravessar o vale de lágrimas e
chegar ao outro lado. Que a nossa confiança cresça a cada dia, e não
deixemos jamais de recorrer ao auxílio de nossa Mãe Santíssima!
Por Prof. João Celso
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