Frederico Westphalen (Segunda-Feira, 25/03/2013, Gaudium Press)
Dom Antônio Carlos Rossi Keller, bispo da diocese de Frederico
Westphalen, no Estado do Rio Grande do Sul, refletiu em seu mais recente
artigo sobre a serenidade de Jesus e atitude dos discípulos no momento
da sua Paixão. Ele explica que, neste ano, a leitura da entrada em
Jerusalém e da Paixão da celebração do Domingo de Ramos, que celebramos
ontem, foi tirada do Evangelho de São Lucas.
Segundo ele, Ramos e Paixão fazem parte
de dois momentos da mesma realidade: Jesus é o messias sofredor de que
fala a primeira leitura. Para o bispo, Jesus é o servo obediente até a
morte de cruz, como escreveu São Paulo, e entra em Jerusalém não como um
rei revestido de poder político-militar, mas como o rei messiânico,
montado num jumentinho, como anunciara o profeta Zacarias. Vem em nome
do Senhor, para salvar a humanidade.
"São Lucas narra que só a multidão dos
discípulos aclamava alegremente a Jesus, por causa de 'todos os milagres
que tinham visto'. Em contrapartida, os fariseus pedem: 'Mestre,
repreende os teus discípulos!' É curioso como Jesus responde: 'Se eles
se calarem, clamarão as pedras!' De fato, juntamente com os discípulos,
também a criação vai dar testemunho. Jesus é Senhor de todo o universo e
a sua Redenção beneficiará todas as criaturas. 'Ao nome de Jesus todos
se ajoelhem no Céu, na terra e nos abismos'", destaca dom Antônio.
A afirmação de que Jesus Cristo é o
Senhor, de acordo com o prelado, testemunha a divindade de Jesus, pois
como é de condição divina, tem pleno conhecimento da sua missão
salvífica. O bispo recorda que ele mesmo já havia anunciado de antemão a
sua morte em Jerusalém: "Devo seguir o meu caminho, porque não se
admite que um profeta morra fora de Jerusalém" (Luc 13, 33).
Com relação a leitura da Paixão, dom
Antônio ressalta que ela começou com Jesus sentado à mesa, afirmando que
desejava "ardentemente comer aquela Páscoa" com os seus discípulos,
pois tinha chegado a sua hora e Jesus sabia que era a última refeição.
Conforme o bispo, esta Última Ceia com os discípulos revela-nos uma
profunda paz, porque Jesus vive interiormente a sua morte e oferece
àqueles que ama o alimento do seu Corpo, que vai ser entregue e do seu
Sangue que vai ser derramado.
"Jesus vive conscientemente a sua morte.
Livremente oferece o seu corpo como alimento de vida eterna. Dá graças.
Aponta-nos o sentido da sua morte: Oferece a sua vida pelos homens.
Amou-nos até ao fim. Realiza o querer divino, cumpre a vontade de seu
eterno Pai: 'Pai se é possível afasta de mim este cálice. Todavia, não
se faça a minha vontade, mas a tua'. Antes de expirar, reza cheio de
confiança filial: 'Pai, em vossa mãos entrego o meu espírito'."
Dom Antônio analisa que a morte de Jesus
foi serena, tão cheia de paz, numa íntima conversa com Deus Pai,
perdoando aos que o matam, desculpando-os! Depois, continua o bispo,
Jesus ainda oferece o Paraíso a todos, mesmo a um malfeitor, o que
significa o triunfo completo do Amor divino! A morte de Jesus, segundo
ele, é o início do reino de Deus. «Estou no meio de vós como quem serve.
Preparo para vós um reino. Comereis e bebereis à minha mesa, no meu
reino.» (Lucas 22, 27-30)
Por fim, o prelado afirma que a
Eucaristia é o memorial da paixão e morte de Jesus, pois as nossas
missas são o prolongamento do amor misericordioso do Coração de Jesus:
"Fazei isto em memória de mim!". Durante a Paixão, enfatiza dom Antônio,
São Lucas mostra-nos quatro vezes Jesus em oração e numa dessas vezes
reza por São Pedro, a quem perdoa o seu futuro pecado. Para o bispo,
isto quer dizer que também perdoou os nossos, pois a sua morte foi para
nos salvar.
"É outro exemplo divino para nós. No
meio dos sofrimentos da vida, temos sempre o recurso à oração donde
brota toda a paz e toda força sobre-humana. A oração é a porta pela qual
Deus envia os seus Anjos para nos confortar. A Eucaristia faz-nos viver
todo este mistério pascal. É o mistério central da nossa fé: Anunciamos
Senhor a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição, vinde, Senhor
Jesus", conclui. (FB)
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