Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 25-03-2013, Gaudium Press)
Com a Praça de São Pedro tomada por fiéis dos cinco continentes,
inicia-se a procissão de Ramos, nesse domingo, 24 de março. Era o
primeiro Domingo de Ramos que o Papa Francisco estava presente como Sumo
Pontífice.
Fotos: Gustavo Kralj - Gaudium Press |
Os jovens que participam da procissão
Papal eram em sua maioria da diocese de Roma. Duzentos dentre eles, no
entanto, eram provenientes de diversas partes do mundo. No cortejo
processional, depois dos jovens seguem os Bispos, Cardeais, prelados e
presbíteros, os Diáconos que ajudarão no oficio litúrgico, o Cardeal
Agostino Vallini, o Cardeal Stanislaw Rylko, Dom Josef Clemens e Dom
Filippo Iannone, os Cardeais Diáconos Angelo Amato y Mauro Piacenza, e,
finalmente o Papa, no Papamóvel. .
No início da cerimônia o Papa benzeu os ramos e aspergiu água benta nos mais próximos.
Após a leitura do Evangelho de São Lucas
(capítulo 19), do canto do Salmo 23 e o canto do Hino de Cristo Rei,
inicia-se a celebração eucarística propriamente dita com a leitura da
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Praça toda estava envolvida pela atmosfera da Semana Santa, recolhida, esperançosa, sentida.
A Homilía: três palavras, alegria, cruz, jovens
Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos
discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d'Ele,
fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor:
«Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas
alturas!» (Lc 19, 38). Estas foram as primeiras palavras da homilia que o
Papa quis que se desenvolvesse em torno de três palavras: alegria, cruz
e jovens.
Alegria
Alegria! Nunca sejais homens, mulheres
tristes: um cristão não o pode ser jamais! Nunca vos deixeis invadir
pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas
coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, de sabermos que, com
Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o
caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem
insuperáveis... e há tantos! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas
sobretudo sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros:
aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso
mundo. Levemos a todos a alegria da fé!
Cruz
O segundo termo posto em foco pelo Papa
foi a Cruz. Na alegria própria do Domingo de Ramos já se vislumbra a
cruz, porém uma cruz que não abate, mas que sua consideração nutre a
esperança de ter fortaleza para vencer o mal:
E aqui temos a segunda palavra: Cruz.
Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que
refulge o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da
Cruz! Recordemos a eleição do rei David: Deus escolhe não o mais forte, o
mais valoroso, mas o último, o mais novo, aquele que ninguém tinha
considerado. O que conta não é a força terrena. Diante de Pilatos, Jesus
diz: Eu sou Rei; mas a sua força é a força de Deus, que enfrenta o mal
do mundo, o pecado que desfigura o rosto do homem. Jesus toma sobre Si o
mal, a sujeira, o pecado do mundo, incluindo o nosso pecado, e lava-o;
lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos
ao nosso redor... Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade:
guerras, violências, conflitos económicos que atingem quem é mais fraco,
avidez de dinheiro, de poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida
humana e contra a criação! E os nossos pecados pessoais: as faltas de
amor e respeito para com Deus, com o próximo e com a criação inteira. Na
cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus,
vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Queridos amigos, todos nós
podemos vencer o mal que existe em nós e no mundo: com Cristo, com o
Bem! Sentimo-nos fracos, inaptos, incapazes? Mas Deus não procura meios
poderosos: foi com a cruz que venceu o mal! Não devemos crer naquilo que
o Maligno nos diz: não podes fazer nada contra a violência, a
corrupção, a injustiça, contra os teus pecados! Não devemos jamais
habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a nós mesmos e
ao mundo. Devemos levar a vitória da Cruz de Cristo a todos e por toda a
parte; levar este amor grande de Deus. Isto requer de todos nós que não
tenhamos medo de sair de nós mesmos, de ir ao encontro dos outros. Na
Segunda Leitura, São Paulo diz-nos que Jesus Se despojou de Si próprio,
assumindo a nossa condição, e veio ao nosso encontro (cf. Fil 2, 7).
Aprendamos a olhar não só para o alto, para Deus, mas também para baixo,
para os outros, para os últimos. E não devemos ter medo do sacrifício.
Pensai numa mãe ou num pai: quantos sacrifícios! Mas porque os fazem?
Por amor! E como os enfrentam? Com alegria, porque são feitos pelas
pessoas que amam. Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à
tristeza, mas à alegria.
O jovem não deve envergonhar-se da Cruz
O Papa dedicou aos jovens palavras muito especiais. Foram elas cheias de entusiasmo e uma convocatória para uma missão:
Hoje, nesta Praça, há tantos jovens.
Desde há 28 anos que o Domingo de Ramos é a Jornada da Juventude! E aqui
aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, imagino-vos
fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira;
imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por
estardes com Ele! Vós tendes um parte importante na festa da fé! Vós
trazeis-nos a alegria da fé e dizeis-nos que devemos viver a fé com um
coração jovem, sempre... mesmo aos setenta, oitenta anos! Com Cristo, o
coração nunca envelhece. Entretanto todos sabemos - e bem o sabeis vós -
que o Rei que seguimos e nos acompanha, é muito especial: é um Rei que
ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha
da sua Cruz; antes, abraçai-la, porque compreendestes que é no dom de si
mesmo que se alcança a verdadeira alegria e que Deus venceu o mal com o
amor. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas
estradas do mundo. Levai-la, correspondendo ao convite de Jesus: «Ide e
fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28, 19), que é o tema da
Jornada da Juventude deste ano. Levai-la para dizer a todos que, na
cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos,
e trouxe a reconciliação e a paz.
JMJ- Rio 2013
O Santo Padre referiu-se a sua ida ao Brasil e convidou os jovens para a Jornada Mundial da Juventude.
Fotos: Gustavo Kralj - Gaudium Press |
Papa Francisco reza antes da Missa |
"Queridos amigos, na esteira do Beato
João Paulo II e de Bento XVI, também eu me ponho a caminho convosco. Já
estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz de
Cristo. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro.
Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos
bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que o
referido Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro.
Vivamos a alegria de caminhar com Jesus, de estar com Ele, levando a sua Cruz, com amor, com um espírito sempre jovem!
Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Amen.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Amen.
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