Mas, tendo havido o pecado original, essa maravilhosa obra divina não
se realizaria se não houvesse uma redenção do gênero humano.
Foi para isso que o Filho de Deus, na sua infinita bondade, fez-se
homem para nos salvar, isto é, para nos remir do pecado original e dos
pecados atuais, e nos reconquistar o direito à bem-aventurança no Céu.
Nosso Senhor Jesus Cristo, para nos salvar, satisfez por nossos
pecados, sofrendo e sacrificando-se sobre a cruz. E, além disso,
ensinou-nos tudo o que devemos crer e praticar para agradar a Deus,
dando-nos as suas leis, as suas doutrinas e os meios de obtermos ajuda
(a graça santificante) para cumpri-las e assim irmos para o Paraíso
celeste.
O que é a graça e sua necessidade
A graça é “um dom sobrenatural de Deus“, por causa dos méritos de Jesus Cristo, como meio de salvação, é tudo na religião católica, é sua seiva, o seu sopro, a sua alavanca.
Todos os homens devem viver da graça ou se perderão eternamente. Ou
escolhem a vida de Cristo que é a graça, ou a vida da carne que é o
vício; a salvação ou a perdição.
Santo Agostinho define a graça da seguinte forma: “A graça é como o prazer que nos atrai… Não há nada de duro na santa violência com que Deus nos atrai… tudo é suave e benfazejo” (Sermo 133, cap. XI). A graça tem um verdadeiro poder atrativo,
que provém à vontade, a estimula e leva a Deus, a atrai por deleitação
interior, e faz amar, como por instinto, Aquele que a nossa razão devia
amar acima de tudo: Deus.
Palavras de Nosso Senhor: “Ninguém pode vir a mim, se Aquele que me enviou não o atrair” (Jo 8, 22). E esta outra: “Uma vez levantado da terra, atrairei tudo a mim – omnia traham ad meipsum” (Jo 12, 32).
A necessidade dos Sacramentos
A graça, em seu princípio, é a vida de Deus em nós: “Participatio quaedam naturae divinae“, diz Santo Tomás.
Na alma humana pode haver duas vidas: a vida do pecado e a vida da graça. Na vida da graça há uma “seiva” (que é o dom de Deus, proveniente dos méritos de Jesus Cristo) que deve circular em nós: “Nós somos os ramos, Cristo é o tronco”
(Jo 15, 4-5). Deve haver, portanto, uma união íntima e completa entre
os meios de transmissão da graça e a alma que recebe esta graça, como há
união completa entre o tronco e os ramos de uma árvore.
Estes meios de transmissão da graça são os sacramentos. Os
sacramentos tornam-se, neste sentido, os canais transmissores da graça
divina às almas. Canais estabelecidos por Jesus Cristo, e portanto
necessários.
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