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Rádio GOTHMLP

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Mãe: figura aristocrática na família católica – Parte I

Introdução
Para iniciarmos este artigo é preciso desde já esclarecer o que queremos dizer por aristocracia, para daí entendermos porque a mãe representa este papel dentro do lar.
A palavra aristocracia é formada por duas palavras gregas: áristos, que quer dizer ‘melhor’; e krátos, que significa ‘poder, governo’. Portanto, o significado etimológico de aristocracia pode ser dado como ‘governo dos melhores’.
Este sentido básico inspira muitos outros, e, a partir dele, podemos formar conceitos interessantes para explicar a vida de família.
Na filosofia, a ideia de aristocracia, segundo o Cardeal Angel Herrera Oria, “leva entranhada em si a ideia de perfeição, a ideia de virtude”. Assim, o aristocrata seria alguém que possuiria “hábitos virtuosos” e que almejaria a “perfeição moral e o amor ao povo”(1).
A família
De acordo com a doutrina tradicional da Igreja, a autoridade da família católica corresponde ao esposo, a quem se submetem a esposa, os filhos e os empregados da casa. A família seria, portanto, um pequeno reino em que o pai representa a figura do rei… e como se sabe, o rei deve governar com firmeza, para que sua autoridade se faça valer – do mesmo modo o pai, do contrário, nem a mãe nem muito menos os filhos se habituariam em obeceder-lhe.
Claro está que firmeza não é sinônimo de tirania, e, deste modo, o pai não precisa ser somente como que um policial do lar, que aparece para corrigir as infrações às leis domésticas: o pai precisa ser firme, mostrando que os limites dados por ele serão cumpridos, mas, geralmente, deve fazer com que isto fique evidente sem a necessidade de criar uma tensão excessiva no lar, gerando um constante temor tanto na mulher quanto nos filhos. Nos momentos necessários, obviamente, o pai pode se valer de sua autoridade para corrigir os filhos rebeldes, com um tratamento mais enérgico do que o de costume.
Enfim, pelo descrito acima, percebe-se que o pai é um misto de rei, juiz, policial, tendo também o seu lado afetuoso e dedicado, que a palavra “paternal” exprime bem. Mas, carregando a autoridade, o tipo de influência e exemplo que dá aos filhos é diverso do que é dado pela mãe, figura mais afável e delicada aos olhos da prole.

A Mãe Aristocrática: mediadora e conselheira
Quem de nós nunca aprontou uma “bagunça” daquelas e acabou ficando mau visto aos olhos do pai, que – de tão bravo – decidiu dar-nos um castigo severo para aprendermos que não podíamos nos portar de tal modo? Quem de nós nunca pensou em apelar para a mãe, para que ela – com toda sua doçura e “jeito” de falar – convencesse o pai de que a lição já havia sido muito bem aprendida e por isso deveria cessar o castigo? Pois bem, este é um dos papéis aristocráticos de nossas mães.
Esta intermediação que a mãe faz entre o pai e os filhos é uma qualidade aristocrática, visto que ela vai, a partir de conselhos, conciliando a autoridade do pai com a psicologia dos filhos, de modo que a harmonia familiar vai se formando.
A mãe sente até que ponto os filhos estão recebendo os “mandos” do pai, para que o jugo não seja por demais pesado e o que poderia ser uma correção acabe se transformando num problema maior. De igual modo ela sente quando o marido está insatisfeito com a postura dos filhos e vai procurando melhorá-los em alguns pontos, de modo que o pai não se desgoste da vida familiar.
Por exemplo, os filhos podem ser pouco estudiosos, e então o pai começa a se indispor por sempre receber notas baixas da escola; a mãe, percebendo tal situação, deve esforçar-se para que os filhos tomem gosto pelo estudo e, com o passar do tempo, possam entregar boletins com notas melhores. Assim, o pai vê seu desejo atendido sem a necessidade de se criar um novo problema de família que poderia demandar longas conversas ou a aplicação de castigos por vezes desnecessários.
Do sentido etimológico, dado no início do texto, podemos dizer que em certo sentido a mãe participa do “governo dos melhores”, pois, apenas pelo conselho e influência pessoal consegue com que o lar alcance a ordem necessária para o bom convívio de todos. No sentido filosófico, poderíamos dizer que a mãe concorre para a “perfeição” do lar, para a prática das virtudes; do mesmo modo, ela almeja a “perfeição moral” no seu lar e tem profundo “amor ao [seu] povo” (marido e filhos).

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