O
perdão dado e recebido transforma verdadeiramente a pessoa que tiver
retidão de alma. O que nos possibilita conviver fraternalmente não é o
fato de não errarmos, mas a disposição de perdoar e a confiança de ser
perdoado segundo os critérios da convivência cristã.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos recomenda perdoar “até setenta vezes
sete” (S. Mateus, 18, 22). Mais. Nosso Senhor prometeu: “Se dois de vós
se unirem entre si sobre a terra para pedir qualquer coisa, esta lhe
será concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque onde se acham dois
ou três congregados em meu nome, aí estou eu no meio deles” (S.Mateus,
18, 19-20). “Congregados em meu nome” significa relacionados segundo a
virtude da Caridade.
As palavras “setenta vezes sete vezes” não significam um número
determinado, de maneira que ficaria concluído o perdão ao se alcançar
este número bastante elevado, por sinal. Expressa que deve ser perdoado
sempre e sem interrupção, desde que seja segundo os preceitos da Lei
Moral. Ou seja, não é sem qualquer critério.
Dentre as várias explicações sobre o significado de “setenta vezes sete” está em que o número seis (6) significa a obra e o trabalho. E o número sete (7) significa a interrupção e o repouso.
Por conseguinte, quem ama as coisas do mundo e executa as coisas que há
nele sem ter presente a vida eterna (ou seja, sem interrupção; isto é,
vive só para as coisas temporais), peca sete vezes. São Pedro queria
manifestar isto quando perguntou se deveria perdoar “sete vezes”.
Mas como Nosso Senhor sabia que alguns cometeriam mais pecados que os
compreendidos neste número, acrescentou ao sete o número setenta,
expressando deste modo que se devia perdoar às pessoas que vivem no
mundo e que pecam no uso das coisas do mundo (desde que peçam perdão).
Mas se algum pecar mais do que esses pecados, já não mais haverá perdão
para eles.
Nosso Senhor costumava ensinar por meio de parábolas com o objetivo
de que os ouvintes, que não podiam conservar na memória os preceitos
doutrinários e teóricos, os guardassem mediante comparações e exemplos.
De qualquer modo, sem embargo, deve-se dar o perdão a quem o pede.
Unindo-se a ele com os laços da caridade, como fez José (filho de Jacó)
com os seus irmãos (que o haviam vendido como escravo). Ou, de outra
maneira, como com um inimigo perseguidor (não arrependido), como
procedeu David chorando o que aconteceu a Saul. Ou seja, desejando
perdoar e fazendo todo o possível para ele se arrepender.
Olhemos para Nosso Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de
vida, para que aprendamos com Ele a perdoar, seguros de que teremos o
exemplo e auxílio da Bem-aventurada Virgem Maria.
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