“Se a morte acha o homem desprevenido e em
pecado mortal, vem como ladrão, despoja-o, mata-o e o lança no abismo do
inferno; mas, se o encontra vigilante, saúda-o como enviada de Deus,
dizendo:O Senhor te espera para as bodas; vem, que te conduzirei ao
reino bem-aventurado a que aspirais”. (São Tomás de Vilanova)
Já dizia São João Bosco:
“A morte consiste na separação da alma
e do corpo, ficando absolutamente abandonadas todas as coisas deste
mundo. Considera, meu filho, que tua alma deve necessariamente
separar-se do corpo, mas não sabes quando, nem onde, nem como te
surpreenderá essa separação.
Não sabes se ela te apanhará na cama, no trabalho, na
rua ou noutro lugar. A ruptura de uma veia, uma infecção pulmonar, uma
febre, um ferimento, um tombo, um terremoto, ou um raio são suficientes
para te tirar a vida. E isso pode acontecer-te dentro de um ano, de um
mês, de uma semana….
Quantos estavam bem à noite, quando se deitaram, e foram
encontrados mortos no dia seguinte! Quantos, atacados de apoplexia,
morreram rapidamente. E para onde foram depois? Se estavam na graça de
Deus, felizes deles, são eternamente felizes. Se estavam no pecado,
serão atormentados para todo o sempre.
E tu, meu filho, se morresses neste momento, o que seria de tua alma? Infeliz de ti se não estás preparado, porque o que não está pronto para morrer bem hoje, corre grande risco de morrer mal!
O lugar e a hora de tua morte não te são conhecidos, mas
é certíssimo que ela virá. Ainda supondo que não te surpreenda uma
morte repentina ou violenta, sem embargo, a última hora da tua vida há
de chegar. Nessa hora, estendido sobre o leito, assistindo por um
sacerdote que rezará junto de ti as orações dos agonizantes, rodeado por
tua família que chora, com o crucifixo numa mão e uma vela acesa na
outra, te encontrarás às portas da eternidade.
Tua cabeça sentirá dores e não encontrará repouso; tua
visão estará obscurecida; tua língua estará ardendo; tua garganta, seca,
teu peito, oprimido, o sangue se gelará nas tuas veias; teu corpo será
consumido pela enfermidade e teu coração transpassado por mil dores.
Quando a alma tiver abandonado o corpo, este coberto com
uma mortalha, será lançado a um buraco, onde se converterá em podridão;
os vermes o devorarão, e de ti só restarão alguns ossos descarnados e
um pouco de pó mal cheiroso. Abre uma tumba e observa o que restou de um
jovem rico, de um homem poderoso no mundo; pó e podridão…O mesmo te
acontecerá a ti.
Lê estas considerações com atenção, meu filho, e lembra-te de que elas se aplicam a ti, como a todos os outros homens.
Agora o demônio, para induzir-te a pecar, se esforça e distrair-te
deste pensamento, em encobrir e escusar a culpa, dizendo-te que não há
grande mal em tal prazer, em tal desobediência, em faltar à Missa nos
dias festivos; mas no momento da morte te fará conhecer a gravidade das
tuas faltas e as representará a todas vivamente, diante de ti.
Que farás tu naquele terrível instante?
Desgraçado de quem então se encontrar em pecado mortal!
Considera também que do momento da morte depende tua
felicidade ou desgraça eterna. Estando para dar o último suspiro e à luz
daquela última chama, quantas coisas veremos! A Igreja acende duas
velas por nós: uma no nosso Batismo, outra na hora da nossa morte; a
primeira, para mostrar-nos os preceitos da lei de Deus, que devemos
observar; a segunda no transe da nossa morte, para examinarmos se os
observamos corretamente.
Por isso, meu filho, à claridade daquela última luz verá
se amaste a Deus durante a tua vida ou se O desprezaste; se respeitaste
seu santo Nome ou se O ofendeste com blasfêmias. Verás as festas que
profanaste, as Missas que não ouviste, as desobediências a teus
superiores, os escândalos que destes a teus companheiros.
Verás aquela soberba e aquele orgulho que te enganaram;
verás… Mas (oh! meu Deus) tudo aquilo verás no momento em que se abre
diante de ti o caminho da eternidade, momento do qual depende a
eternidade inteira. Sim, daquele momento depende uma eternidade de
glória ou de tormentos.
Compreendes bem o que te estou dizendo?
Daquele momento depende para ti o Paraíso ou o Inferno; o
ser para sempre feliz ou desgraçado, para sempre filho de Deus ou
escravo do demônio, para sempre gozar com os Anjos e Santos no Céu ou
gemer e arder para todo o sempre com os condenados no Inferno.
Teme muito por tua alma, e reflete que de uma vida santa
e boa dependem a boa morte e a eterna glória. Sem perda de tempo, põe
em ordem tua consciência com uma boa Confissão, prometendo ao Senhor
perdoar a teus inimigos, reparar os escândalos que deste, ser mais
obedientes, abster-te de comer carne nos dias proibidos, não perder mais
o tempo, santificar os dias consagrados a Deus, cumprir os deveres de
teu estado.
E deste já, lançando-te aos pés de Jesus, diz a Ele:
“Meu
Senhor e meu Deus, desde agora me converto a Vós; amo-Vos e quero-Vos
amar e servir até à morte. Virgem Santíssima, minha Mãe, ajudai-me
naquele momento terrível. Jesus, Maria e José, que minha alma expire em
paz em vossos braços”.
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