A invicta combatividade de São Miguel Arcanjo em defesa do Deus onipotente é assim descrita no Apocalipse:
“Houve
uma batalha no Céu: Miguel e os seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O
Dragão batalhou, juntamente com os seus Anjos, mas foi derrotado e não
se encontrou mais um lugar para eles no Céu” (Apoc. 12, 7-8).
A devoção ao Príncipe das Mílicias Celestes atingiu um
desenvolvimento extraordinário na Idade Média. Essa forma de devoção
marca ainda todas as modalidades de culto ao chefe das legiões
angélicas.
Entretanto, ele já era reverenciado no Antigo Testamento.
O Profeta Daniel refere-se a São Miguel nos seguintes termos:
“Naquele
tempo, surgirá Miguel, o grande Príncipe, constituído defensor dos
filhos do seu povo [isto é, o povo fiel católico, herdeiro, no Novo
Testamento, do povo de Israel], e será tempo de angústia como jamais
houve” (Dan. 12, 1).
São Miguel é comumente designado como Arcanjo. Entretanto, tal
qualificação pode ser genérica e não significar que ele pertença ao
oitavo coro de Anjos (os Arcanjos).
A esse respeito, merece ser reproduzida significativa citação do
grande exegeta jesuíta Pe. Cornélio A Lapide, nascido em Bocholt,
província belga de Limburgo, em 1567, e falecido em Roma, a 11 de março
de 1637.
A extensa obra desse insigne autor, que comentou todos os livros do
Antigo e do Novo Testamento, é até hoje universalmente admirada. Merecem
especial destaque a grande erudição, a escrupulosa diligência e o
luminoso engenho com que ele trata da Sagrada Escritura.
Embora num ou noutro ponto do texto bíblico tenham surgido novas
questões, é incontestável que seus magníficos comentários e eruditas
citações ainda hoje gozam de autoridade. Eis suas palavras:
Imagem de São Miguel, com elmo e revestida de armadura medieval,
colocada na flecha da torre da Abadia do Mont Saint Michel (França)
“Muitos julgam que Miguel, tanto pela dignidade de natureza, como de
graça e de glória é absolutamente o primeiro e o Príncipe de todos os
anjos.
“E isso se prova, primeiro, pelo Apocalipse (12, 7), onde se diz que
Miguel lutou contra Lúcifer e seus anjos, resistindo à sua soberba com o
brado cheio de humildade: ‘Quem (é) como Deus?’ Portanto, assim como
Lúcifer é o chefe dos demônios, Miguel o é dos anjos, sendo o primeiro
entre os Serafins.
“Segundo, porque a Igreja o chama de Príncipe da Milícia Celeste, que está posto à entrada do Paraíso.
“E é em seu nome que se celebra a festa de todos os anjos. Terceiro,
porque Miguel é hoje cultuado como o protetor da Igreja como outrora o
foi da Sinagoga.
“Finalmente, em quarto lugar, prova-se que São Miguel é o Príncipe de
todos os anjos, e por isso o primeiro entre os Serafins, porque o diz
São Basílio na Homilia De Angelis: ‘A ti, ó Miguel, general dos
espíritos celestes, que por honra e dignidade estais posto à frente de
todos os outros espíritos celestiais, a ti suplico…’”
Fonte: Cornélio A Lapide, Commentaria in Scripturam Sacram, t 13, pp. 112-114. Apud “Catolicismo”, setembro de 2000
Extraído do Blog Orações e Milagres Medievais
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