Evangelho segundo São Mateus (2, 15-23)
Ao ver-se enganado pelos magos, Herodes
se enfureceu e mandou matar, em Belém e seus arredores, a todos os
meninos menores de dois anos, de acordo com a data que os magos lhe
haviam indicado. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelo
profeta Jeremias: "Em Ramá se ouviu uma voz, houve lágrimas e gemidos: é
Raquel, que chora seus filhos e não quer que a consolem, porque já não
existem".
Matança dos Inocentes - Giotto - Capela dos Scrovegni - Pádua - Itália |
Matança dos Santos Inocentes
No segundo capítulo do Evangelho de São
Mateus encontramos a narração das circunstâncias da fuga da Sagrada
Família de Belém para o Egito. Foi um êxodo, um fato histórico
relacionado com a perseguição ordenada por Herodes, o Grande, que tinha
como objetivo matar o Menino Jesus.
Nesta ocasião, José, o pai adotivo que
protegia a vida do Menino Jesus, fugiu levando consigo Maria e seu
Filho. Ele foi inspirado em sonhos por um Anjo e marchou para o Egito,
onde, segundo a tradição, refugiaram-se durante seis meses no monte
Qusqam, sendo acolhidos pelos habitantes da região.
É assim que a terra do Egito, que
hospedou Jesus na sua primeira infância junto com sua Mãe Nossa Senhora e
o pai São José, pode ser considerada como Terra Santa, pois, foi lugar
de passagem e de presença de Nosso Senhor.
Após algum tempo, finalmente, uma nova
aparição do Anjo, em sonho, anuncia a São José a morte de Herodes. A
Sagrada Família pode, então retornar para a terra de Israel. Na narração
da fuga da Sagrada Família para o Egito, trêsversículos
(Mt 2,16-18) descrevem a ferocidade do rei Herodes, que, para matar
Jesus, decidiu exterminar todos os meninos de dois anos para baixo que
viviam em Belém.
Este acontecimento pode ser interpretado
como sendo um preludio das grandes perseguições dos mártires durante os
primeiros séculos. Com a matança de inocentes, Herodes quis sufocar
toda possibilidade de perigo que o levasse a perder seu domínio
absoluto. E, para ele o Messias representava uma grande ameaça.
São Mateus interpreta a historia da
matança dos inocentes sob o ponto de vista do plano salvífico de Deus e a
intende em um sentido profético como sendo o cumprimento das
Escrituras. É por isso o evangelista faz referencia ao profeta Jeremias,
que se narra o lamento da matriarca Raquel pelo povo de Israel, levado
ao exílio na Babilônia: «um grito se ouve em Ramá, pranto e lamentos
grandes; é Raquel que chora por seus filohos e recusa o consolo, porque
já não vivem» (Mt 2,18; cf. Jr 31,15). Para Mateus, os meninos
assassinados em Belém representam o povo de Israel e a dor vivida pelas
mães é a dor do povo que não reconheceu o Rei-Messias. (JS)
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