Igreja

Rádio GOTHMLP

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Batismo e Reconciliação

Batismo - Bento XVI.jpg
"Uma mãe não se limita a dar a vida, mas com grande atenção ajuda os seus filhos a crescer"
Bento XVI administra o Sacramento do Batismo, 9/1/2011

O Sacramento do Batismo nos introduz na grande família dos filhos de Deus. E quando dela nos excluímos, pelo pecado mortal, o da Reconciliação nos regenera, limpa e purifica.
Dom Javier Echevarría Rodríguez
Prelado do Opus Dei

A Igreja guarda em plenitude os meios de santificação instituídos por Jesus Cristo. As palavras e as ações de Nosso Senhor durante a sua vida terrena estavam impregnadas de conteúdo salvífico, e não nos surpreende, antes nos parece lógico, que as multidões se aproximassem de Jesus, querendo ouvi-Lo e tocá-Lo, porque "saía d'Ele uma força que a todos curava" (Lc 6, 19).
Estas palavras e estas ações anunciavam e antecipavam a eficácia do seu mistério pascal, com o qual iria vencer definitivamente o demônio, o pecado e a morte, e preparavam o que Ele iria transmitir à Igreja quando tudo tivesse sido cumprido. "Os mistérios da vida de Cristo são os fundamentos do que, daí em diante, pelos ministros da Igreja, Cristo dispensa nos Sacramentos, porque ‘o que era visível no nosso Salvador passou aos seus mistérios'".1
Os Sacramentos conferem a graça que significam. O nosso Padre escrevia, em 1967: "Que são os Sacramentos senão pegadas da Encarnação do Verbo divino, clara manifestação do modo que Deus escolheu e determinou - ninguém senão Ele o podia fazer - para nos santificar e conduzir ao Céu, instrumentos sensíveis dos quais o Senhor Se serve para nos conferir realmente a graça, segundo a significação própria de cada um?".2

O Batismo, porta dos outros Sacramentos
Que agradecidos havemos de estar à nossa Santa Mãe Igreja por conservar e nos oferecer este tesouro, com plena fidelidade a Jesus Cristo! E como havemos de o proteger e defender em toda a sua integridade! Damos graças particularmente pelo Batismo, que nos introduziu na grande família dos filhos de Deus. Recebê-lo quanto antes adquire uma importância capital, porque este Sacramento - ou o seu desejo, pelo menos implícito - é necessário para alcançar a salvação: "Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito Santo" (Jo 3, 5), anunciou Jesus a Nicodemos.
Certamente que o Espírito pode atuar, como a doutrina da Igreja expõe, e de fato atua, também fora dos confins visíveis da Igreja. Mas o próprio Deus estabeleceu que a forma comum de participar na Morte e Ressurreição de Cristo, pela qual somos salvos, é fruto da incorporação na Igreja através do Batismo. Consequentemente, "a prática de batizar as crianças é tradição imemorial da Igreja".3

Lemos também no Catecismo da Igreja Católica: "a pura gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento".4 E conclui: "Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes confiou".5 O Batismo não só perdoa os pecados e infunde a primeira graça, como é a porta dos outros Sacramentos e torna assim possível que os cristãos se configurem cada vez mais com Jesus Cristo, até chegarem a identificar-se com Ele. A fé, a esperança e a caridade hão de crescer em todos os batizados, crianças e adultos, depois do Batismo. E isto verifica-se na Igreja, depositária, como já foi dito, dos meios de salvação.
Assim o afirmava o Papa numa das suas catequeses do mês passado: "Uma mãe não se limita a dar a vida, mas com grande atenção ajuda os seus filhos a crescer, dá-lhes o leite, alimenta-os, ensina-lhes o caminho da vida, acompanha-os sempre com as suas atenções, com o seu carinho e 'com o seu amor, até quando são adultos.

E nisto sabe também corrigir, perdoar e compreender, sabe estar próxima na enfermidade e no sofrimento".6 Assim faz a Igreja com os filhos que gerou no Batismo: "acompanha o nosso crescimento, transmitindo a Palavra de Deus (...) e administrando os Sacramentos. Alimenta-nos com a Eucaristia, concede-nos o perdão de Deus através do Sacramento da Penitência e apoia-nos na hora da doença com a Unção dos Enfermos. A Igreja acompanha-nos durante toda a nossa vida de Fé, em toda a nossa vida cristã".7

Reconciliação, o Sacramento da alegria
Que grande é a misericórdia do nosso Pai Deus! Sabendo que somos débeis e que, apesar da nossa boa vontade, caímos uma vez ou outra em pecados e faltas, confiou à sua Esposa o Sacramento do Perdão "para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes de mais para aqueles que, depois do Batismo, caíram em pecado grave e assim perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial".8 Este Sacramento também perdoa os pecados veniais e as faltas, infunde novas forças para a luta interior e se apresenta a nós, assim diziam os Padres da Igreja, como "a segunda tábua (de salvação), depois do naufrágio que é a perda da graça".9
Recordo o grande amor de São Josemaría ao Sacramento da Reconciliação - o Sacramento da alegria, gostava de o chamar - e como animava a recebê-lo com frequência, impulsionando a fazer um constante apostolado da Confissão. Limito-me agora a citar umas palavras suas, durante uma reunião de catequese com muitas pessoas.

"À Confissão, à Confissão, à Confissão! Porque Cristo derramou misericórdia nas criaturas. As coisas não andam porque não recorremos a Ele para nos limpar, para nos purificar, para nos incendiar. Muita higiene, muito desporto... Ótimo, maravilhoso! E este outro desporto da alma? E estas duchas que nos regeneram, que nos limpam e nos purificam e nos incendeiam? Por que não procuramos receber esta graça de Deus? Vamos ao Sacramento da Penitência e à Sagrada Comunhão. Ide, ide! Mas não vos aproximeis da Comunhão se não estais certos da limpeza da vossa alma".10 Noutra altura, insistia: "Meus filhos, levai os vossos amigos à Confissão, os vossos familiares, as pessoas que amais. E que não tenham medo. Se tiverem de cortar alguma coisa, cortarão. Dizei-lhes que não será suficiente recorrer uma só vez à Confissão, que precisam de ir muitas vezes, com frequência, como quando se chega a uma certa idade, ou quando surge uma doença, não se vai ao médico uma única vez, mas frequentemente. E marcam-se outras consultas, e mede-se a tensão, e fazem-se análises. Pois a mesma coisa, a mesma coisa com a alma [...]".

"O Senhor está à espera de muitos para que tomem um bom banho no Sacramento da Penitência! E tem preparado para eles um grande banquete, o das bodas, o da Eucaristia, o anel da aliança e da fidelidade e da amizade para sempre. Que se confessem! [...]. Que sejam muitos os que se aproximam do perdão de Deus!".11 ² Excertos da "Carta do Prelado", 1/10/2013 - Texto integral em http://www.opusdei.pt  / (Revista Arautos do Evangelho, Novembro/2013, n. 143, p. 38-39)

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